domingo, 22 de abril de 2012

Filho do tempo

Eu sou filho do tempo
Sou filho do que lembro
Sou filho do que acho que lembro
Sou o que acho que sou
Acho que sou o que sou
Sou

A mesma essência do que acho
O mesmo tempo do espaço
Onde me acho
Em torno do que passo
Realidade projetada
Atada ao que sou
E o que passou

Logo, digo:
Sou o que sou.

Verdade

Não existe verdade maior
Não existe verdade maior do que o sol
Não existe verdade
Não existe
Não

Até que a luz chegue em meus olhos
(Sempre atrasada)
Só existe o sol.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Repetição

Repetição I

Para viver é preciso repetir
É preciso reciclar
É preciso respirar
É preciso partir
Do agora e daqui

Para escrever é preciso repetir
É preciso repensar
É preciso imaginar
É preciso repartir
O agora e o aqui

...

Repetição II

Em seu ofício o poeta escreve o mar
Em dor de quem vai parir
Não deixa o sentido cair
Até chorar gotas do mar
Aqui e acolá

Aterrisa até o tempo de decolar
E com sonho se vestir
Com flores se ferir
Chorar gotas de amar
Daqui pra lá

...


Repetição III


O coração se destende
Em um ciclo que só o poeta entende
E sente
E mente

[Num mundo que só existe em maquete]
E repete...
E mente
Diferentemente

...


Repetição Final

Repetição...
Repetição é uma ilusão
de repetição

domingo, 11 de março de 2012

Laço

Do barro ao pó
Um andarilho só
Não fosse a costela
Não fosse ela

Edifício sem razão
É difícil sem coração
Como um corcundo
Sozinho no mundo

Mas, ando atado a versos
Sonhando com a musa
Razão e paixão que me usa

Numa ternura que não merso
Nós se enlaçam no universo
Quando universos se cruzam

Juntando o pó
Para um corpo só
Fomando nós

Revolução

Dizes que se fosse contigo
Farias a revolução!
Mas não cabe no teu umbigo:
És tão distante da ação...

domingo, 4 de março de 2012

Madrugada me chamas

Às vezes, na madrugada incendiada
Dentro da minha carverna
Brilham luzes como fadas...
Até confundo com tuas pernas

Sinto o arrepio do calor reluzente
De um aconchego atravessado
Não sei se tu também sentes
E sonhando, viro para todos os lados

É quase o sonho mais bonito
Numa chama ardente cheia de cor...
Corpo sem cetim que fito

Faze-me acordar de tão bonita
Até que aflito, acordo com a dor
De ser escravo do amor.

Escolha

Você não sabe o que quer
Até que não tenha escolha
Você não sabe o que quer...

Mas quando você não tem escolha
Você sabe que quer...
Quando você não tem escolha
Você quer ter escolha

E quando você tem escolha
Mais uma vez
Você não sabe o que quer
Mais uma vez...